quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Uma família muito unida...

Na véspera do feriado do dia 7 de setembro, o FERVO se reuniu para jogar o larp Calendário, do Cauê Reigota.

Na trama, os meses do ano se reúnem (isso, os meses do ano, aqui personificados e atropomorfizados) para decidir se algum deles ganhará um novo feriado. Eu já havia jogado ou mesmo organizado esse larp mais de uma vez, bem como o Luiz Prado e outros dos jogadores presentes.... e queríamos experimentar algo diferente dessa vez.

É pelo menos desde a publicação da primeira versão fanzine do Ouça no Volume Máximo que pensamos em como seria legal se, ao jogarmos um larp em algum local público como um bar, os jogadores já entrassem no espaço representando seus personagens. Geralmente, há pelo menos uma conversa inicial preparatória, a explicação do que é larp, como se joga esse jogo, etc, etc... antes dos jogadores embarcarem em seus personagens e o jogo começar mesmo.

Resolvemos pôr em prática essa ideia no primeiro FERVO de 2017, no jogo Amor, vou matar o presidente,volto já. Mas não deu muuuuito certo. Por um triz, alguns jogadores chegaram juntos e um pequeno qui-pro-quo fez com que eles se cumprimentassem e começassem a conversar entre eles antes de receberem as instruções. Nenhum prejuízo para o jogo, mas não foi dessa vez que experimentamos a sensação.


Nova oportunidade apareceria em setembro. Aliás, foi também a vez de voltar com o "lugar secreto", "endereço em PVT" que já havíamos experimentado ano passado. Dessa vez, além do endereço, os jogadores receberam algumas instruções. O larp não seria em um bar ou loja, mas na casa de alguém. Na casa de Setembro, é claro, como orienta o manual do jogo. E seria uma "festa americana": cada um leva algo de comer e beber, para não sobrecarregar o anfitrião. Assim que chegaram a residência, os jogadores encontraram o roteiro e algumas instruções fixados na porta. Numa pequena mesa ao lado, um saquinho com os meses para sorteio. Você sorteia o mês que vai representar e já entra pela porta como seu personagem.

Ao todo, 10 pessoas compareceram à pequena reunião. Faltaram apenas Maio e Março, embora Julho e Agosto tenham chegado ligeiramente atrasados. Aliás, outro mérito do método de chegar como seu personagem: os atrasos passam a fazer parte do jogo, são incorporados à narrativa e não prejudicam o jogo de ninguém, pelo contrário, o alimentam. Começarmos todos ao mesmo tempo costuma fazer os pontuais esperarem muito, os atrasados receberem olhares irritados (ou complacentes) e os mais atrasados ainda ficarem de fora. A reunião acabaria às 22hs. Se algum mês chegasse às 21h50, ele ainda poderia participar do jogo, sem ônus: e quem sabe até trazer uma reviravolta para a história.

Eu já vi Calendário funcionando outras vezes. Cada jogador vai aos poucos inventando seu personagem, a partir do que vai lembrando e projetando sobre seu próprio mês e a partir do que os outros jogadores vão oferecendo a ele também, sobre seu próprios personagens e sobre os personagens dos outros. Um improvisa daqui, outro dali e as personalidades vão se fixando.

O que eu nunca tinha visto era o clima de festa ser realmente uma festa - ainda que uma das pequenas. A reuniãozinha entre amigos - ou a pequena reunião de família para ser mais preciso - teve praticamente tudo que este tipo de ocasião costuma ter. Mentira. Teve cerveja e amendoim em proporções desleais em relação à outras bebidas e petiscos. Bom, talvez não seja mentira.

E pode ser que você já tenha ido a um desses pequenos encontros e fingido ser alguém alguém que você não é. Bom, aqui a ideia era justamente essa - mas todos sabiam que deviam esperar isso de cada um dos convidados, sem constrangimentos e sem medo de ser desmascarado.

Se Calendário teve tudo que costuma ter numa festa (tudo bem, isso depende muito do tipo de festa que você está acostumado a ir) ele também teve muito do que costuma ter em um larp. Teve gente jogando pela primeira vez (e descobrindo que não tem mestre, nem regra), teve jogador se emocionando junto com o próprio personagem (bleed, né?), teve personagem chegando feliz e saindo triste e personagem chegando triste e saindo feliz, teve surpresa, trairagem (é...), reviravolta.... só não teve o quê? Feriado. Não foi dessa vez que ganhamos um novo feriado. Mas quem sabe ano que vem, ano que vem vai ser na casa de Outubro ;)

E aquelas conversas de sempre, pós jogo

Falar sobre o que foi conversado após o jogo dá um outro relato do mesmo tamanho que o relato sobre o próprio jogo. E como cada um pode relatar coisas diferentes e mesmo assim muita coisa pode ficar de fora (sempre é melhor ir jogar do que esperar para ler o relato, vamos combinar).... eu não vou tentar dar conta de tudo, nem dos principais pontos, que partilhamos.

Mas vou mencionar UMA coisa. Talvez mais para que eu me lembre dela no futuro ;)

Uma jogadora chegou a sugerir, caso houvesse o interesse de fazer uma festa MAIOR, para MAIS pessoas, que além dos meses do ano, poderiam ser convidados também os signos do Zodíaco. Cada signo sera FILHO de dois meses. Cada mês teria dois filhos, cada um deles com um outro mês diferente. E estaria armada a confusão.

Sobre esta ideia, faço minhas as palavras do criador do jogo que estava conosco na ocasião (e representou durante o jogo o mês de Novembro): o jogo está aí, o que vocês fizerem para além dele é responsabilidade de vocês ;)

E toca o barco! Outubro tem mais.


Mais sobre o larp Calendário

- Festa na casa de setembro, relato do Luiz Prado sobre esta mesma aplicação
- Comentário de Tadeu Rodrigues sobre o jogo
- Calendário e Uma Tarde no Museu no Projeto Redigir
- Roteiro do larp Calendário, de Cauê Reigota

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